24 de novembro de 2010

Bagagem...






A vida dá milhentas voltas todos os sabemos. A vida nem sempre é um circulo fechado em que no final todas as pontas se unem numa epifania de "Ciclo da Vida" à La Rei Leão, onde tudo acaba por se enquadrar no devido lugar.

Na vida há muitas pontas soltas. Pontas essas que ficam sem nó. Rabos de palha que se não tivermos cuidado podem pegar fogo e estragar muito do que já conseguimos.

A vida não nos trás resposta para tudo, não nos faz compreender o porquê de todas as situações porque passamos e há efectivamente muitas perguntas que ficam sem resposta.

Há-de haver sempre coisas que não percebemos porque foi assim que aconteceram. Mesmo tendo dado tudo de nós para reverter a situação. A vida não é fácil. A bagagem vai-se acumulando. Com a bagagem muitas vezes acumulam-se os remorsos e a falta de esperança.

Até ao dia em que resolvemos embarcar numa nova viagem. Arrumamos as nossas malas, várias, muitas e pesadas, afinal sou uma senhora com o que tudo isso implica, e rumamos ao aeroporto mais próximo com extrema vontade de mudar de ares, arrastando atrás a bagagem pesadíssima.

O destino exacto geralmente não importa, o que importa é sair do local onde estamos.

Fazemos check-in decididos a finalmente virar costas ao que cá ficou. Uma a uma pousamos as malas para colocar no porão do avião, e mais uma e mais uma e mais uma.

A Sra. simpaticamente diz: "Tem peso a mais na sua bagagem, terá de pagar uma taxa por cada x kg a mais".

Olho para a simpática senhora e digo: pode cobrar o valor correspondente por favor. Ela acena e concorda. As malas vão entrando para dentro daquele túnel escuro.

Fico apenas com a bagagem de mão.

O avião parte daqui a 30 minutos. É leve a bagagem de mão.

Saio do aeroporto, apanho um táxi e volto para casa. 

Não é preciso ir para longe, é preciso saber largar as coisas quando chegou a altura.

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