28 de outubro de 2010

E eu...

Senti-me egoísta, pequenina, ignorante, sem poder, longe, segura e tão tão mal agradecida pelo que tenho e tão tão envergonhada pelo facto de sentir que a distância me impedia de conhecer o verdadeiro sentimento de impotência.

A proximidade das desgraças faz com que as sintamos com mais intensidade, quando mais longe menos nos afectam.

"Um homem pode pagar desde 400 a 1200 USD pela virgindade de uma rapariga. Após algumas semanas podem pagar 60 a 40 dólares por uma rapariga que tenha perdido a virgindade há pouco tempo. Meses depois as raparigas prostituem-se por 1 a 2 USD"

"Acredito que ter relações com virgens me farão eternamente jovem"

"Se ela não faz como vemos nos filmes pornográficos estrangeiros, espancamo-la até que o faça com todos os membros do nosso gang. Geralmente somos 8."

"Deixaram a minha vagina toda cortada, a sangrar, como que ficou desfeita, fui levada para um lamaçal onde fui violada repetidamente até ter um AVC. Disseram que iam continuar a abusar sexualmente de mim até que estivesse morta."

"O governo não tem qualquer registo de queixas de maus-tratos. Gangs é coisa que não existe aqui."

Vejam. Se não hoje mais tarde mas vejam. Mais que não seja para ter a mesma sensação idiota que eu senti: que estúpida que sou por me queixar das minhas pequenas coisas. E ao verem, ao comentarem, ao passarem às amigas e aos amigos, alguém se sentirá mais tocado e sentirá a absoluta vontade de fazer algo. Se não por estas mulheres por outras, ou outros homens, que aos quais o seu sofrimento camuflado pela distância em nada nos afecta.

E onde é tão longe que não nos interessa




Ser Mulher Cá...

1906  -  Criação do 1.º liceu feminino - Liceu Maria Pia - que iria servir de modelo aos futuros liceus femininos. 
1911 - Constituição da República.
As mulheres adquirem o direito de trabalhar na Função Pública.
A médica Carolina Beatriz Ângelo, viúva e mãe, vota nas eleições para a Assembleia Constituinte, invocando a sua qualidade de chefe  de família.
A lei é posteriormente alterada, reconhecendo apenas o direito de voto a homens.
1920 - As raparigas são autorizadas a frequentar liceus masculinos. 
1933 - Nova Constituição Política do Estado Novo que estabelece a igualdade dos cidadãos perante a lei, "salvas, quanto  à mulher, as diferenças resultantes da sua natureza e do bem da família" (Art.º 5.º).
1940 - Celebração da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, nos termos  da qual os portugueses casados catolicamente não podiam recorrer ao divórcio. 
1966 - Aprovada  para  ratificação  a Convenção n.º  100  da  OIT, relativa  à igualdade de remuneração entre mão-de-obra feminina e masculina   para trabalho de valor igual (Decreto-Lei n.º 47 032, de 4 de Novembro – art.º115.º).  
1969  - A  mulher casada pode transpor a fronteira sem licença  do marido (Decreto-Lei n.º 49 317, de 25 de Outubro de 1969).  
1978 - Entrada  em vigor da revisão do Código Civil (Decreto-Lei n.º 496/77, de 25 de Novembro); segundo o Direito da Família, a mulher deixa de ter estatuto de dependência para ter um estatuto de igualdade com o homem.  Desaparece a figura do "chefe de família". O governo doméstico deixa de pertencer, por direito  próprio, à mulher.
Deixa de haver poder marital: ambos dirigem a vida comum e cada um a sua. Os cônjuges decidem em comum qual a residência do casal.
Marido e mulher podem acrescentar ao seu nome, no  momento do casamento, até dois apelidos do outro. A mulher  deixa de precisar de autorização do marido para ser comerciante. Cada  um dos cônjuges pode exercer qualquer  profissão  ou actividade sem o consentimento do outro. 
1997 - Lei Constitucional n.º 1/97, de 20 de Setembro, que considera, no art.º 9.º, alínea h), como tarefa fundamental do Estado a promoção da igualdade entre homens e mulheres, e estabelece, no artigo 109.º, o princípio de não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.

24 de outubro de 2010

Rosa

Podia ter sido um fim-de-semana banal, mas não o foi. Foi um fim-de-semana de celebração de amor e amizade. Partilhámos histórias alegres e tristes que tinham em comum o facto de sermos as personagens principais.

Discutimos imenso sobre o que era o amor ou como ele deveria ser. Vi, talvez com mais clareza que nunca que somos todos tão diferentes, mesmo naquilo que todos nós temos em comum - o amor por alguém.

Questionámo-nos sobre o que deveríamos "suportar" pelo outro, o que deveríamos dar de nós, quanto deveríamos dar.

Eu sou a eterna crente que podemos viver um amor, perdoem-me a redundância, eterno. Não vai ser sempre igual, não vai ser sempre um mar de rosas, vão existir momentos menos bons e momentos menos maus. Vão existir momentos óptimos e vão existir momentos inesquecíveis para o bem e para o mal.

Mas não sou da opinião que o amor só é amor quando nos faz sofrer. Acredito no contrário. O amor só é Amor quando não nos faz sofrer por estarmos enamorados.

Somos todos diferentes, mas todos deveríamos ser capazes de ver que quem nos ama não nos faz penar. 

Quando amamos a sério, estamos lá nos maus momentos, estamos lá para apoiar, para dar animo, para dar o colo, para dar um mimo, para chamar à atenção, para dizer quanto estamos orgulhosos do que atingiu. 

Sabemos que amamos alguém, quando recebemos uma boa nova, quando alcançamos objectivos essencialmente nos momentos mais felizes pois gostaríamos de partilhar a nossa alegria. 

Sabemos que amamos quando nos oferecemos para estarmos juntos quando o dia do outro corre mal, para ser o ombro onde possa chorar.

O Amor não é fácil, mas não tem de ser sofrimento. O amor não é literalmente "dar a outra face". Amamos todos de forma diferente, mas nunca se deixem levar pela teoria que o amor verdadeiro é aquele em que mais se sofre.

Hoje vinha a caminho de casa depois de um fim-de-semana que podia ser banal mas não foi. Vinha a conduzir e ao olhar o céu, já perto do pôr-do-sol, e reparei que já era Outono. As arvores tingem-se de laranja, o frio começa a entrar por todas as frinchas.

Parei o carro, puxei para mim o casaco e contemplei o céu. O pôr-do-sol no outono é para mim dos mais belos. Faz-nos sentir saudade do calor do sol que se esconde. As arvores erguidas de troncos grossos, com os ramos semi-nús pareciam despedir-se de mais um dia. 

Só, com arrepios de frio, rodeada de um laranja cor de fogo que não me aquecia, olhei para o céu e vi as nuvens de tons rosa. Sorri olhei para o banco vazio do passageiro e desejei que ele estivesse lá. O Amor é assim, faz-nos sentir saudades de partilhar momentos belos e inesperados como o de hoje, mesmo que, onde quer que ele esteja, possa olhar para o céu e ver as mesmas nuvens. O Amor está efectivamente nas mais pequenas e belas coisas que queremos partilhar.

21 de outubro de 2010

Nostalgia a Preto e Branco


Deixou a nossa companhia Mariana Rey Monteiro. Grande senhora do Teatro e depois da televisão. Fez-me pensar na magia dos filmes portugueses de outrora.

Ver filmes a Preto e Branco portugueses, especialmente da altura do O Costa do Castelo, O Leão da Estrela, entre inúmeros outros, faz-nos ver o quão bom fomos na arte do cinema. Embora dentro do regime do Estado Novo e logo na mira do lápis vermelho da censura, (há quem defenda que até a cor do lápis dos censores era azul, porque a cor vermelha estava associada aos comunistas) não faltam momentos de bom humor e mesmo criticas ao socialmente vivido. 

Não haviam cenas de nús, nem cenas violentas, até porque eram comédias, mas eram, por detrás das piadas contadas por esses excelentes actores, um retrato fiel da sociedade portuguesa da altura.

Foram os anos de ouro do cinema português. Não havia estreias todas as semanas como as há hoje. Os cinemas não ficavam em Centros Comerciais. Ir ao cinema tinha a sua magia o seu encanto. Era um verdadeiro evento, um verdadeiro acontecimento.

Mariana Rey Monteiro, deixou-nos a 20 de Outubro de 2010. Pôde vivenciar em primeira mão essa magia. Mariana Rey Monteiro, grande senhora do Teatro e depois da Televisão, fez parte de um grupo de artistas de outra geração. Uma geração em que o cinema ainda era mágico, belo, verdadeiro e bom. Muito bom.

20 de outubro de 2010

Tempo

Li um artigo (penso que na Super Interessante), que uma pessoa tem a noção mais exacta do tempo real entre os 20 e os 25 anos.

Que quer isto dizer? Que antes dos vinte anos o tempo em média parece que demora mais tempo a passar e que após os 25 o tempo em média parece passar mais rápido do que exactamente demora. Esta aceleração irreal das horas e dos minutos aumenta com o passar da idade.

Coincide com o que sempre ouvi dizer, aproveita que a partir dos 25 é vê-los a passar. E passam. Até os tempos mortos passam mais depressa do que outrora.

Os dias são preenchidos com diversas actividades e mesmo assim não fizemos tudo o que tínhamos programado. E tudo o que fizemos foi feito à pressa.

O tempo, essa dimensão que tanto nos afecta no dia a dia, mas que não podemos ver nem tocar, dizemos que nos vai escapando entre os dedos.

As estações estão cada vez mais coladas umas às outras, são também mais curtas. Já não nos fartamos tão depressa do calor, nem tão depressa de andar com muitas camadas de roupa. O Natal parece que já não fica a um ano de distancia do seguinte. O ano novo começa a perder aquela sensação de que nos espera algo completamente diferente. Já sabemos o que se vai repetir. Já percebemos a engrenagem da vida e que tudo funciona em ciclos.

E é então que nos apercebemos, que os grandes acontecimentos não estão nos grandes eventos. É quando nos sentamos numa esplanada e apreciamos o café. É quando acordamos antes da pessoa que dorme ao nosso lado e a contemplamos por minutos. É quando vemos um pardal na nossa janela. É quando ouvimos uma musica que gostamos. 

Dizer que a vida é feita das pequenas coisas é um cliché. Mas não deixa de ser verdade.

15 de outubro de 2010

Diferente


Grande parte da população afirma veemente junto dos seus amigos que é o facto de eles serem diferentes que os faz especiais. Os amigos retribuem com um sorriso tímido, ao mesmo tempo que pensam: "Yeap, nem tu me querias nem para fazer estuque nas tuas paredes".

Afinal o que é que nos separa verdadeiramente de "ser especial" a ser verdadeiramente especial para alguém?

Quando é que as nossas características especificas podem ser catalogadas de interessantes, cómicas, sedutoras e quando é que as mesmas podem ser caracterizadas de loucas, estranhas ou bizarras? É a intensidade da característica?  

Se roer as unhas apenas enquanto vejo um filme de terror é querido? Mas se as roer sempre que vejo um autocarro a passar é loucura?

Se gostar de ter em minha casa apenas tolhas de mesa brancas é uma característica até cómica mas se me recusar a sentar numa mesa de um restaurante onde as tolhas são azuis é bizarro?

Quanto de normais teremos todos de ter para não nos considerarem "especiais" in a bad way?

Queremos nós ser considerados normais? Iguais a todas as outras pessoas com os mesmos hábitos e costumes?

Certo é que vivemos em sociedade e há alguns requisitos que nos são impostos para continuarmos a viver desta simbiose. Podemos ser diferentes apenas em alguns aspectos mas não com muita intensidade, para não sermos afastados da matilha.

Tais como as impressões digitais acredito que não há pessoas iguais. São as mais variáveis características que nos distinguem dos demais, do vizinho do lado, do irmão, da mãe ou do melhor amigo.

Provavelmente sou diferente das restantes "senhoras". Há quem ache isso fascinante e infelizmente há mais quem ache isso de alguma forma estranho ou intimidativo.
Gosto de carros e gosto de conduzir. Gosto de ver o Sexo e a Cidade. Gosto de artes marciais. Gosto de ver o "Say Yes to the Dress". Gosto de dizer piada "ordinárias". Gosto de andar de vestido e saltos altos. Tenho orgulho em saber mudar um pneu e montar prateleiras na parede. Tenho orgulho em saber maquilhar-me e fazer uns belos "Cat Eyes" estilo Angelina Jolie. Sim tenho um espírito mais bélico do que a maioria (penso que seja genético por ser filha de um ex-militar) e sim acredito que há aquele verdadeiro Amor que poucos têm a sorte de encontrar.

Essas coisas não fazem de mim especial. Fazem de mim quem sou. E adoro ser eu :)

4 de outubro de 2010

Cyanide & Happiness

Após navegar pelo mundo "das Internet" dei com esta fantástica BD.

Confesso que não conhecia mas já me roubou algumas gargalhadas!

A baixo coloco alguns exemplos mas não deixem de consultar a página destes artistas: Cyanide & Happiness






3 de outubro de 2010

Saga Twilight


Quando vi o primeiro filme desta saga disse: Epah é fraquinho.

Agora não grito pelo Edward nem pelo Jacob, nem me tornei daquelas fãs... meias loucas confessemos. Mas estou ansiosa para saber como acaba a saga.

O segredo? Bem... as personagens masculinas ajudam em parte. Mas o que penso que envolve mais os espectadores é a história de amor à partida impossível e triângulo amoroso. Aquele Amor que toda a gente um dia gostaria de ter. Que daria a vida por ele.

A história é a mesma de sempre desde o tempo de Romeu e Julieta - Quão longe podemos ir por Amor?

When do we say that enough is enough when we really love someone? Deep down in our hearts we always wish that the answer is... Never...

Chuva






Não gosto de dias de chuva. 

Hoje acordei a ouvir o som da chuva no telhado. A vontade de sair da cama é menor. Abrimos a janela e deparei-me com um céu cinzento. As pessoas andam agasalhadas, meias encolhidas a tentar segurar o chapéu para que este não se vire. Esforço que por duas vezes foi em vão.

Não gosto de dias de chuva. Nem mesmo quando podemos ficar em casa quentinhos a ver um bom filme. Prefiro que esteja um sol super brilhante no céu e eu opte por ficar por casa. 

Porque a chuva a isso nos obriga, a ficar por casa, ou enfiarmo-nos em espaços fechados. Gosto de poder escolher: ficar em casa, ou ir a um museu, ou caminhar ao ar livre sem me molhar. A chuva tira-nos essa liberdade.

A chuva liberta a melancolia que há dentro de nós, as saudades de melhores dias. Acendemos as luzes de casa ainda são duas da tarde. Está escuro. Só gosto do escuro da noite e de preferência sem chuva também.