24 de outubro de 2010

Rosa

Podia ter sido um fim-de-semana banal, mas não o foi. Foi um fim-de-semana de celebração de amor e amizade. Partilhámos histórias alegres e tristes que tinham em comum o facto de sermos as personagens principais.

Discutimos imenso sobre o que era o amor ou como ele deveria ser. Vi, talvez com mais clareza que nunca que somos todos tão diferentes, mesmo naquilo que todos nós temos em comum - o amor por alguém.

Questionámo-nos sobre o que deveríamos "suportar" pelo outro, o que deveríamos dar de nós, quanto deveríamos dar.

Eu sou a eterna crente que podemos viver um amor, perdoem-me a redundância, eterno. Não vai ser sempre igual, não vai ser sempre um mar de rosas, vão existir momentos menos bons e momentos menos maus. Vão existir momentos óptimos e vão existir momentos inesquecíveis para o bem e para o mal.

Mas não sou da opinião que o amor só é amor quando nos faz sofrer. Acredito no contrário. O amor só é Amor quando não nos faz sofrer por estarmos enamorados.

Somos todos diferentes, mas todos deveríamos ser capazes de ver que quem nos ama não nos faz penar. 

Quando amamos a sério, estamos lá nos maus momentos, estamos lá para apoiar, para dar animo, para dar o colo, para dar um mimo, para chamar à atenção, para dizer quanto estamos orgulhosos do que atingiu. 

Sabemos que amamos alguém, quando recebemos uma boa nova, quando alcançamos objectivos essencialmente nos momentos mais felizes pois gostaríamos de partilhar a nossa alegria. 

Sabemos que amamos quando nos oferecemos para estarmos juntos quando o dia do outro corre mal, para ser o ombro onde possa chorar.

O Amor não é fácil, mas não tem de ser sofrimento. O amor não é literalmente "dar a outra face". Amamos todos de forma diferente, mas nunca se deixem levar pela teoria que o amor verdadeiro é aquele em que mais se sofre.

Hoje vinha a caminho de casa depois de um fim-de-semana que podia ser banal mas não foi. Vinha a conduzir e ao olhar o céu, já perto do pôr-do-sol, e reparei que já era Outono. As arvores tingem-se de laranja, o frio começa a entrar por todas as frinchas.

Parei o carro, puxei para mim o casaco e contemplei o céu. O pôr-do-sol no outono é para mim dos mais belos. Faz-nos sentir saudade do calor do sol que se esconde. As arvores erguidas de troncos grossos, com os ramos semi-nús pareciam despedir-se de mais um dia. 

Só, com arrepios de frio, rodeada de um laranja cor de fogo que não me aquecia, olhei para o céu e vi as nuvens de tons rosa. Sorri olhei para o banco vazio do passageiro e desejei que ele estivesse lá. O Amor é assim, faz-nos sentir saudades de partilhar momentos belos e inesperados como o de hoje, mesmo que, onde quer que ele esteja, possa olhar para o céu e ver as mesmas nuvens. O Amor está efectivamente nas mais pequenas e belas coisas que queremos partilhar.

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